Centelha, por Casimiro Cunha
Não podemos conduzir os cursos como conduzíamos há vinte anos
Presidente da USE Intermunicipal de Mauá e secretária do Departamento de
Mediunidade da USE Estadual, Juliana Bertoldo nasceu e mora na cidade de
Ribeirão Pires, ABC paulista. Profes sora, atua profissionalmente como
coordenadora pedagógica e, como espírita, é tarefeira do Centro Espírita Ismênia
de Jesus, em Ribeirão Pires, onde desenvolve atividades como monitora de grupos
de estudos sobre mediunidade.
Como se tornou espírita?
Fui criada em família católica, porém não achava que ela trazia respostas às
minhas indagações. Mesmo sem conhecer a doutrina espírita, já trazia dentro de
mim algumas certezas, tais como a reencarnação. Depois de um aborto espontâneo,
senti a necessidade de procurar consolo e respostas para aquele momento de sofri
mento. Busquei uma casa espírita na minha cidade e comecei a frequentar as
reuniões públicas. Depois senti a necessidade de começar a estudar mais
profundamente a Doutrina e ingressei num dos grupos de estudo da casa. A partir
daí, comecei a perceber a grande necessidade do estudo do espiritismo na minha
vida.
Conte-nos um pouco sua história com a USE.
A minha história com a USE começou quando um querido amigo, Tercio Silva Paulo,
que na época era presidente do Centro Espírita Ismênia de Jesus e também da USE
Intermunicipal de Mauá, me fez o convite para começar a participar das reuniões
mensais da USE e ajudar o grupo nas suas necessidades. Não tenho a data precisa,
mas isso deve ter acontecido há mais ou menos 16 anos. Aos poucos fui me
envolvendo em diversos trabalhos. Estive em alguns mandatos como secretária, em
outros como tesoureira e hoje estou como presidente na direção da
Intermunicipal.
Como analisa o papel do espiritismo em sua vida?
O espiritismo na minha vida teve e tem um papel de transformação, pois ele me
proporciona um melhor entendimento sobre a minha vida, sobre os conflitos
pessoais, familiares e as dificuldades do mundo em que vivemos. Acredito que a
doutrina me traga mais serenidade na hora das dificuldades e mais empatia para
com o próximo. Procuro sempre no meu trabalho profissional, praticar o que
aprendo, principalmente com o meu exemplo, pois sabe mos que educadores são
muitas vezes as principais referências daquelas crianças. Através dos bons
exemplos e do amor dedicado ensinamos muito mais do que com palavras. Tento
através dos ensinamentos de Jesus me tornar a cada dia uma pessoa melhor.
Qual sua opinião sobre o espiritismo hoje, no Brasil e no mundo?
As ideias apresentadas pelo espiritismo estão sendo cada vez mais disseminadas
na sociedade. Hoje é muito comum pessoas que se dizem de outras religiões terem
opiniões alinhadas com a doutrina espírita. Por outro lado, muitas vezes fico
preocupada com os caminhos que algumas pessoas estão percorrendo e acabam
levando o nome da doutrina espírita, com muitas ideias equivocadas sendo
lançadas como espíritas e tidas muitas vezes como verdades. A falta de estudo,
de preparo das casas espíritas, o personalismo, acabam contribuindo para este
comportamento. Cabe a nós incentivarmos o estudo da codificação em primeiro
lugar dentro das casas, proporcionando a reflexão sobre a obra e
consequentemente contribuindo para a transformação moral das pessoas.
Em sua opinião, a casa espírita está cumprindo seu papel em termos de educação?
O centro espírita é um dos locais onde a doutrina espírita é disseminada,
desempenhando papel relevante na divulgação do espiritismo e no atendimento de
todos que buscam nele o consolo e a orientação. Se os seus objetivos estiverem
focados no estudo, na fraternidade, tendo como base o Evangelho de Jesus à luz
da doutrina espírita, acolhendo a todos para que exercitem o seu aprimoramento
íntimo pela vivência do Evangelho, ele estará, sim, cumprindo o seu papel.
Quando o conhecimento espírita proporciona a modificação dos indivíduos, ele
pode ser considerado um fator de contribuição importante no progresso da
humanidade. Através do espiritismo, o homem se transforma moralmente e serve
como exemplo para a transformação do outro. O que sugeriria ao dirigente
espírita para melhorar suas atividades na sociedade? Hoje vivemos numa sociedade
onde tudo é propagado de forma muito rápida. A tecnologia evoluiu muito e
precisamos estar atentos a essas mudanças de forma que o estudo dentro das casas
também acompanhe essa evolução. A didática e a metodologia usadas dentro dos
grupos de estudo precisam ser atualizadas. Não podemos conduzir nossos cursos da
mesma maneira que conduzíamos há vinte anos. Muitas vezes, é este o motivo de
afasta mento dos jovens do centro espírita. Precisamos trazê-los de volta.
Algo mais que você gostaria de acrescentar?
Gostaria de deixar registrado o quanto sou grata à doutrina espírita. Ela faz
toda a diferença na minha vida e poder dividir tudo o que aprendo e acredito com
outras pessoas faz de mim alguém muito mais feliz.
Revista Dirigente Espírita de Janeiro/Fevereiro de 2020
Autor: Juliana Bertoldo
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.
A+ | A-