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Pouca gente vence a prova
Do amor que de amor se aparta:
Depois do morto na cova,
Olho enxuto e mesa farta.

Raciocínio calmo e fundo,
Cultiva na direção,
Muito crime neste mundo
Tem nome de coração.

Atende aos próprios misteres,
Evita a cabeça tonta,
De tudo quanto fizeres
Prestarás estrita conta.

Não faças sombra ou deserto
A interrogar o porvir.
A estrada responde certo
A quem procura servir.

Alfaia, jóia e tesouro
São grilhões de encarcerar,
Águia de garras no touro
Não consegue volitar.

Na morte, convém saber,
È novo câmbio a seguir.
Quem guardou, toca a perder,
Quem deu, vem a possuir.

O vivo goza e delira
Em títulos de espavento.
O morto pede à mentira
A esmola do esquecimento.


Por: Américo Falcão, Do livro: Orvalho de Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier


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