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Quando sua mãe morreu, Paula decidiu levar o pai para morar com ela. Assim, ele não ficaria tão só e um faria companhia para o outro.

Reformou o apartamento para melhor acolhê-lo e começou a proceder a mudanças e adaptações em sua rotina para poder ficar mais tempo com ele.

Mas, os planos de seu pai eram outros. Ele acabara de conhecer uma viúva, se apaixonara e estava iniciando um namoro.

Namoro? Com aquela idade? E com tão pouco tempo de viuvez? Como assim? Assustou-se Paula.

O fato inesperado abalou toda a família. Dúvidas e desconfianças vieram à tona. Para Paula e seus irmãos o pai não deveria agir daquela forma.

Julgaram e condenaram aquela volta à ativa apressada, como se ele não tivesse amado sua mãe e a estivesse traindo.

Não levaram em conta que ele cuidara sozinho da esposa enferma nos últimos anos, e que também sonhava em ter alguém que cuidasse dele.

Os filhos haviam esquecido que a capacidade de amar, sonhar e desejar não acabam com o avançar da idade e desconheciam o que ia no íntimo do pai.

Paula caiu em si quando um amigo lhe disse: Seu pai tem todo o direito de recomeçar. E, na idade dele, não dá para ficar esperando. Pode não dar tempo.

Envergonhada, percebeu que estava sendo egoísta. Procurou o pai e o ouviu. Soube da tristeza e da solidão que sentira durante o tempo em que cuidara da esposa, vendo-a partir um pouco a cada dia. Soube dos sonhos, dos medos, da vontade de viver.

Não sei quanto tempo vou viver, filha. Quero ser feliz nesse tempo que ainda tenho.

Paula compreendeu que felicidade não tem idade, que o pai seguia a vida em um ritmo diferente do seu e dos irmãos e que não cabia a nenhum deles julgá-lo e se opor. Abraçou o pai e o beijou com ternura.

O namoro se transformou em noivado e o casamento aconteceu meses depois.

Foi uma cerimônia simples e emocionante. O pai havia reencontrado o amor e a felicidade ao lado da nova esposa.

Um novo grupo familiar se estabelecia, com filhos, netos, irmãos, cunhados, noras e genros dos dois lados.

Durante a festa, Paula observava as pessoas daquela família ampliada cujas vidas agora se entrelaçavam. Sentiu amor e gratidão por elas, que amavam e ajudavam a cuidar de seu pai. Sentiu que seu coração se expandia para acomodar cada uma delas dentro de si.

Aquela família ampliada também havia ampliado sua capacidade de amar.

A entrada de pessoas novas num grupo, seja ele de amigos ou familiar, traz mudanças e pode gerar inseguranças.

Muitas vezes, movidos pelo medo, afastamos pessoas que poderiam agregar novos sentimentos a nossas vidas, fechando-nos em posição de defesa e, com isso, perdemos oportunidades preciosas de exercitar o amor, o acolhimento e o desapego.

Quando encaramos todos os que chegam com desconfiança, antes de lhes dar uma oportunidade de se fazer conhecer, provavelmente sofreremos e faremos sofrer.

Quando nos desarmamos e nos propomos a conhecer melhor aqueles que foram colocados em nossas vidas, podemos ser surpreendidos positivamente e nos descobrir capazes de dar e receber amor. Um amor ampliado.


Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita, do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4645&stat=0


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