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Vai vagando pelo espaço,
Embuçado pela noite,
Sombrio planeta escuro,
Qual levado pelo açoite...
Na órbita deste astro,
Vai ficando denso rastro
De terrível vibração:
São gemidos, ódios, gritos,
De pobres seres aflitos,
Que não conhecem perdão!

Senhor Deus dos desgraçados,
Olhai este pobre mundo,
Que grita pelo universo,
Em sofrimento profundo!
Nele vivem moços, velhos,
Que não lêem os Evangelhos,
Nem se recordam de Vós!
E, numa contínua guerra,
Fizeram da pobre Terra,
Sombrio mundo feroz!

Piedade, piedade,
Senhor Deus dos desgraçados!
Estes seres infelizes,
Não são filhos deserdados!
Derramai a Vossa Luz
Por sobre a cármica cruz,
Que carregam estes réus!
E apiedai-vos, Senhor,
Ouvindo os gritos de dor,
Que se espalham pelos Céus!

Piedade com o leproso,
Que geme num hospital,
As chagas lembrando rosas,
Brotadas num lodaçal!
Contemplai, Senhor, o cego,
Que só vendo o próprio ego,
Vive a noite dos temores!
Se não Vos conhece, grita,
Tem a vida por maldita!
Ouvi, Senhor, seus clamores!

Piedade, piedade,
Senhor Deus dos desgraçados!
Estes seres infelizes,
Não são filhos deserdados!
Olhai, Senhor, os hospícios,
Onde as almas com seus vícios
Sofrem torturas atrozes!
Sentem na matéria aos berras,
As pontas de cruéis ferros,
De Espíritos, seus algozes!

Derramai o Vosso olhar
Na infância tuberculosa:
Não canta, não ri, não brinca,
Pálido botão de rosa!
Vede, Senhor, a voragem
Do cruel fogo selvagem :
Como queima a carne viva!
Ouvi os fundos gemidos,
São filhos quase falidos,
Nesta prova decisiva!

Piedade, piedade,
Senhor Deus dos desgraçados!
Estes seres infelizes,
Não são filhos deserdados!
Ninguém foge à Vossa Lei,
Nem o pobre nem o rei:
Faça-se, pois, disciplina!
Mas, além desta verdade,
Está a Vossa piedade...
Ensina a Santa Doutrina!

A Dor é forte alavanca,
Que suspende o ser impuro,
E joga-o, já depurado,
Para as telas do futuro!
Mas, Senhor, estes lamentos
Mais tristes que a voz dos ventos,
São de alguém que sofre só.
E o que grita no calvário,
É um filho ainda precário,
Que não lembra o estóico Job!

Piedade, piedade,
Senhor Deus dos desgraçados!
Estes seres infelizes,
Não são filhos deserdados!
Rompa-se o peito num grito,
Mas que a voz chegue ao Infinito,
E que a ouça o Criador!
E que baixe a piedade,
Por sobre toda a orfandade,
Deste planeta de dor!


Por: Castro Alves, Do livro: Castro Alves Fala À Terra, Médium: Francisco Cândido Xavier


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