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"O mundo foi feito por intermédio dele." - João, 1:7.

O ministério de Jesus, em favor da Humanidade, não teve início, segundo pensa a maioria, no singelo episódio da manjedoura de Belém, onde a Divina Misericórdia escreveu maravilhosa epopéia de ternura, sentimento e encantadora humildade.

O Mestre antecedeu ao próprio mundo em que vivemos, clareando-lhe, radiosamente, nos seus primórdios, a aurora difusa.

Quando, nos planos da Criação, a Terra precisou surgir, o Divino Amigo recebeu do Pai Altíssimo a missão de presidir-lhe ao nascimento, de consolidar-lhe, no curso dos milênios, a sólida estrutura geológico-espiritual; de criar-lhe, afinal, no tempo, condições normais para acolher, em sua superfície, o homem terrestre.

“O mundo foi feito por intermédio dele” notifica o evangelista.

E o próprio Senhor declara: “E agora, glorifica-me, á Pai, contigo mesmo, com a glória que tive junto de ti, ANTES QUE HOUVESSE MUNDO” (João, 17:5).

E, mais adiante, no versículo 24, confirma: para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste “ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO.”

Emmanuel, o querido e respeitável autor espiritual, no livro “A Caminho da Luz”, em que estuda a história da civilização sob o prisma espírita, acentua que o Mestre “organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir”.

O conceito lapidar do Elevado Instrutor ratifica, um século depois, o pensamento de Allan Kardec, em “A Gênese”: “Quando a Terra se encontrou em condições climatéricas apropriadas à existência da espécie humana, ENCARNARAM NELA ESPIRITOS HUMANOS”.

O grande Paulo de Tarso, por sua vez, comunicando-se epistolarmente com os hebreus, escreve, com o admirável poder de convicção que lhe era peculiar, “Jesus-Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre.”

Para a maioria, Jesus é simplesmente uma Grande Esperança; para nós, espíritas, no entanto, o Senhor é a Divina Certeza do ontem, do hoje e do amanhã da Humanidade, guiando­-lhe os passos, fortalecendo-a a cada instante, sob o pálio da Sabedoria e da santa inspiração do Amor.

Por maiores que sejam as lutas do homem para vencer, em si mesmo, o egoísmo feroz, o Mestre resplandece, vigorosamente, impulsionando-lhe o coração no rumo glorioso de seus melhores destinos.

Na catedral da consciência do indivíduo, figura o Evangelho Radioso, por tese'>síntese inigualável de cultura e sentimento, a refletir, esplendoroso, o pensamento do Cristo de Deus — Pastor Angélico e Guia Supremo.

A mensagem evangélica, de que Jesus foi o Divino Emissário aqui na Terra, não apenas vitaliza as esperanças do homem, pela certeza da imortalidade; certifica-o, também, de que aquele que “perseverar até ao fim” será salvo, isto é, alcançará a perfeição — objetivo espiritual que todas as criaturas humanas buscam mais ou menos consciente ou inconscientemente, segundo seus estados evolutivos.

O Cristo de hoje é o mesmo de ontem, sábio e generoso.

Quando o sofrimento bate à porta do coração humano, Jesus comparece, amoroso e compassivo, distribuindo consolação e carinho.

Quando o desespero se avizinha do viajor terrestre, Sua augusta palavra, saltando, luminosa, das páginas do Evangelho, repercute-lhe, em forma de calma e repouso, no âmago do coração.

Ao se encapelarem as ondas, no revolto oceano das incompreensões e maldades, Seu verbo ressoa, docemente, nos escaninhos mais secretos da Alma, revestido de bom ânimo e coragem.

Nas longas caminhadas, quando afiados espinhos e agudas pedras dilaceram, injustamente, o coração do Servidor do Bem, Sua voz ecoa, suave e terna, nos refolhos do entendimento, atenuando os rigores da jornada.

Autênticos heróis não são aqueles que, o mundo como tal conceitua, mas os que, sob a bandeira dos mais diversos credos religiosos, elegem o Carpinteiro galileu por Supremo Orientador de suas vidas.

O Cristo de hoje, na culta Europa, no solo rtil das Américas ou nas regiões mais empobrecidas de outros continentes, é o mesmo de ontem, que assistia, dele participando de modo direto, o desprendimento do orbe da nebulosa solar, no primeiro impulso de Deus para a edificação da futura Casa do Homem.

Tudo passou, no cenário do mundo, à maneira de tufão avassalante.

“Passaram as gerações de todos os tempos, com as suas inquietações e angústias”, lembra Emmanuel em sua notável obra acima referida. E sob intensa emoção de quantos a lêem, conclui: “Só Jesus não passou, na caminhada dolorosa das raças, objetivando a dilaceração de todas as fronteiras para o amplexo fraternal.

Cristo sempre, edificando, amparando, amando. Na mansão do rico, na habitação modesta, no tugúrio singelo que a pobreza levanta, à maneira de casa.

Cristo sempre. Na tempestade e na bonança, por fator de equilíbrio e justiça, de harmonia e progresso.

O entendimento espírita, racional e lógico, funciona, em nossa alma, por inabalável afirmação de que, na verdade, o Cristo de ontem e de hoje “o será para sempre”, consoante a palavra do Doutor de Tarso. Essa compreensão é reforço e suprimento para a nossa alma, na penosa subida da ladeira da evolução espiritual.

O amor a Jesus e o desejo de seguir-Lhe as lições, na cabeça e no coração, atentos ao conselho paulino, em sua missiva aos hebreus, constituem estímulo, em nós, para que “seja constante o amor fraterno”, a fim de que a Árvore do Evangelho frutifique, abundante, nos celeiros internos de cada um de nós.



Fonte: Reformador – fevereiro de 1965.


Por: Martins Peralva, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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