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A primeira vez que adentrei numa casa espírita, na condição de espírito desencarnado, tive uma grande surpresa. O trabalhador espírita, por mais consciente que seja, não faz idéia da movimentação intensa que se desdobra na paisagem extra-física, paralelamente às atividades das reuniões públicas.

Seria impossível, em poucas linhas, detalhar todas as atividades realizadas pelos Seareiros da Vida Maior. A grosso modo, posso afirmar que as reuniões sérias contam, entre outras coisas, com guardas, ou seja, espíritos que têm a função de proteger o centro contra investidas das “trevas” e de não permitir a entrada de espíritos não-autorizados. Aparelhos de alta precisão são instalados em locais estratégicos. Geralmente, não se trata de um ou dois espíritos que tentam vencer as barreiras, para adentrar e causar tumulto, mas, sim, legiões inteiras, que acabam travando verdadeiros “combates”. Essas legiões de espíritos se organizam dessa maneira, especialmente quando há determinados eventos de grande repercussão, como seminários, fóruns de debates, encontros, comemorações de mês espírita e outros... Por serem acontecimentos que, em geral, atraem um grande público e que esse mesmo público é esclarecido e, ao mesmo tempo consolado, natural que despertem a ira de nossos irmãos que ainda não aprenderam a amar.

Se os irmãos encarnados pensam que organizar grandes eventos espíritas é trabalhoso, é porque não imaginam quanto é muito mais trabalhoso deste outro lado.

Dentro do espaço espiritual da casa e nas redondezas ocorrem fatos maravilhosos, durante tais reuniões públicas. Ah! Como seria bom se os trabalhadores da seara pudessem ver além daquilo que os olhos físicos são capazes de mostrar!...

Espíritos – ás vezes, centenas – são trazidos para os mais diversos tratamentos; outros que são “trazidos”, ou seja, que vêm como acompanhantes dos encarnados e também são encaminhados para o tratamento adequado; benfeitores que, portadores de grande amor, “flutuam” acima das cabeças dos encarnados que assistem à palestra, identificando os seus problemas por antecipação, juntamente para o tratamento ser eficaz. No instante do passe, a reunião se torna – numa comparação – uma verdadeira sala cirúrgica, já que doenças são tratadas, pequenas cirurgias espirituais são feitas e até curas são realizadas.

Caros irmãos, imaginem – para poderem entender a grandiosidade daquilo que acontece para o nosso bem e que não percebemos – aquelas manhãs de clima agradável onde uma fina garoa umedece o solo sedento de água. Pois é assim que , por muitas vezes, vi acontecer uma verdadeira “garoa” de fluidos caindo sobre todos. Sem falar ainda do espírito ou dos espíritos encarregados de: Inspirar o orador... Instruir o dirigente encarnado no atendimento fraterno... Auxiliar na evangelização...... Auxiliar os encarnados da transmissão do passe... E ainda há uma equipe que tem como função realizar um trabalho fora dos muros da instituição, junto aos entes queridos daqueles que foram ao centro e, em suas preces, rogam amparo a eles ou escrevem o nome do necessitado nos cadernos de preces, tão comuns nas casas espíritas; e nos casos em que haja possibilidade de auxiliar as circunvizinhanças do centro.

Por tudo isso, a melhor definição que se possa dar a uma casa espírita é hospital-escola.

De fato, é um trabalho gigantesco realizado pelos benfeitores espirituais. Aliás, por falar em espírito desencarnado, muitos irmãos encarnados tomam o nosso nome – e aqui uso o termo nosso, referindo-me não só a mim mas também a muitos companheiros que mourejaram no corpo e que, como eu, agora, se encontram fora dele – na condição de espíritos iluminados, colocando-nos numa posição de superioridade que não corresponde à realidade. Realmente, o fato é que temos procurado estar entre nossos irmãos encarnados, ajudando dentro do possível; também é verdade que temos visitado algumas reuniões mediúnicas na Terra, levando palavras de incentivo e, em algumas delas, permanecemos por algum tempo auxiliando num ou noutro caso mais grave. Aproveito estas linhas para dizer àqueles que oram a nós, pedindo ajuda, que nenhum pedido fica sem resposta, todas as preces que chegam a nós são analisadas e, se possível atendidas. Mas isso tudo não nos coloca numa posição de superioridade que muitos imaginam. O problema é que, em geral, o ser humano é carente de “guias”, não entendendo que o único guia é Jesus. Logo que um indivíduo desencarna, se era um bom servidor, já o elegemos mentor capaz de resolver todos os nossos problemas. De minha parte,com a permissão de meus superiores, tenho procurado me desdobrar nas muitas atividades sob minha responsabilidade, porém que nossos irmãos se conscientizem de que também tenho dificuldades pessoais, lutas íntimas; todos, sem exceção, têm, uns mais, outros menos.

Eu, Irmã Benedita, como muitos carinhosamente me chamam, tenho, por vezes, saudades, saudades dos filhos consangüíneos, que habitualmente visito, mas, devido aos muitos compromissos, não posso permanecer com eles por tempo mais longo. Não se espantem, todavia tenho saudades da época em que – na Terra – dividia os afazeres domésticos com atividades espirituais. Admiro-me quando vejo pessoas maldizendo a vida, ao ponto até de muitas fugirem dela através do suicídio. Não, meus irmãos, não pensemos dessa maneira, pois a vida no corpo, quando bem vivida, traz doces recordações e, apesar ser de ser num mundo de provas e expiações, também traz saudades.

Minhas colocações não têm como objetivo fazer uma autobiografia: apenas desejo deixar transparente minha condição espiritual.

Voltando ao tema central de nossas reflexões, convido os amigos a refletirem sobre a importância dessas casas espíritas erguidas em nome do amor. São como se fossem oásis de bênçãos, em meio ao deserto da incredulidade.

É preciso fechar os olhos físicos e tentar ver o que se passa além. As bênçãos recebidas em nome de Jesus, o amparo, a proteção e o mais importante: o esclarecimento que liberta.

Como nosso objetivo, a cada capítulo, é deixar uma mensagem positiva, posso garantir-lhes, porque já presenciei, que os espíritos mais nobres, os que estão à frente das equipes responsáveis pela transformação moral do Orbe, de quando em quando, visitam esta ou aquela casa espírita. Nem sempre são identificados pelos médiuns videntes, nem sempre dão uma comunicação mediúnica, mas estão ali espíritos de alta envergadura moral, espíritos de nomes respeitáveis. Muitas vezes, para se evitar a dúvida e não criar embaraços para o médium, quando decidem comunicar-se através da mediunidade, assinam apenas: Um espírito amigo.

Nada há de absurdo nesta afirmação. Afinal, muitos desses espíritos já têm condições morais para habitar planos superiores e, se não o fizeram, foi por amor ao Planeta Terra, e quem ama está perto.É um ensino conhecido por todos os espíritas que o que importa é a mensagem, o conteúdo e não quem a assina. Concordamos plenamente. Estamos citando a presença desses espíritos nobres para servir de inspiração aos seareiros encarnados, para que tenham certeza de que não estão desamparados. Aos mais pessimistas que acreditam que isso seria impossível de acontecer, peço-lhes que se lembrem de que Jesus nunca se esquivou de nenhuma criatura que fosse e, mesmo depois da morte,voltou para consolar, após encerrar sua nobre missão; em espírito, voltou para falar com Pedro, com os Apóstolos e, em dado momento, com uma multidão de pessoas. Se Jesus voltou para confortar, por que seus representantes não voltariam?

Que nossos irmãos não interpretem de maneira equivocada nossas palavras e acreditem que toda a mensagem deixada por um amigo espiritual seja de um desses espíritos conhecidos e de moral elevadíssima; eu disse que, de quando em quando, eles estão presentes aqui ou ali, não a toda hora. E, se fiz tal ressalva, foi justamente para tentar mudar uma mentalidade errônea, segundo a qual os médiuns só vêem obsessores, tragédias, vingadores, legiões do mal, espíritos em forma de animais, etc. Tudo isso é verdade; não estamos questionando; mas e outro lado?

Por que geralmente não vemos o outro lado?

Se existem obsessores, também existe o anjo da guarda.

Se existem as legiões de espíritos inferiores, também existem as equipes de socorro que atendem em nome do cristo.

Se existem as depressões terríveis, também existe o trabalho no Bem, melhor remédio para o combate à depressão.

Se existem os melindrosos, também existem aqueles que são fraternos, amigos e verdadeiros.

Enxergar só o mal é sintoma de cegueira espiritual, e o portador desta “doença” deve colocar os óculos do otimismo para ver “de perto” e os óculos da inabalável para ver “de longe”. 

Na Colônia a que estou vinculada, dedicamos todos os dias alguns minutos somente para agradecer à Divindade o que recebemos. No corpo, talvez nos falte ainda a gratidão necessária, mas para os espíritos que desencarnam (refiro-me àqueles que têm alguma noção do Bem e da caridade), após se recuperarem do impacto da “passagem” para este outro lado e se darem conta de quanto foram amparados sem o devido merecimento, o primeiro sentimento que surge é o da gratidão.

Nos vários hospitais existentes na região espiritual em que trabalhamos, quando fazemos as visitas aos quartos dos que estão internados em recuperação, sempre pedem para trabalhar, para se sentirem úteis. O problema é que nem sempre podem trabalhar logo depois da desencarnação, já que quase sempre foram almas que muito pouco produziram quando encarnados e, como a morte não realiza nenhum milagre neste sentido...

Para finalizarmos o assunto, rapidamente me lembro do caso da Juçara, que , após ser resgatada das regiões de sofrimento e permanecer por quase um ano internada, recebendo passes e conselhos, ao se recuperar, levantou-se, saiu pelos corredores do hospital, e ao me avistar, disse em alta voz:

- Benedita, este nosso Deus é mesmo difícil de entender! Se a gente reencarna, dizem que é para trabalhar em benefício dos outros e de nós mesmos; se a gente deixa o corpo, dizem que a gente tem que trabalhar para acumular méritos a fim de poder voltar. O pior é que nosso objetivo é chegar á perfeição e, ao que me consta, Jesus já é perfeito e continua trabalhando!... Pelo amor de Deus, me diga alguma coisa que me console, irmã!

Como eu conhecia o caso de Juçara e sabia que, apesar de ser uma alma boa, não simpatizava muito com o trabalho, situação que a levou depois da morte ao lugar em que estava quando foi resgatada, sorri e respondi:

- Então, pronta para trabalhar?

- É só isso que tem para me dizer?

- Não, filha, antes de começar a trabalhar, vamos, juntas, fazer uma prece de agradecimentos a Deus pela oportunidade do trabalho.

Ela sorriu um pouco sem graça e fizemos uma prece de gratidão.


Capítulo 7 do livro “Tudo é Possível Àquele que Crê”


Por: Benedita Pimentel, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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