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Em nossas palestras públicas ficamos sempre a “mastigar”, no cérebro, novas dinâmicas que possam manter o público ouvinte bastante atento e, ao mesmo tempo, incentivar a participação, para que a palestra não se transforme numa desmotivante apresentação verbal, embora, muitas vezes, seja esta a única forma de desenvolvimento e apresentação de um tema.
Com esta busca permanente de processos interativos, procuramos sempre utilizar dinâmicas que integrem os ouvintes no tema da palestra, a partir de experiências pessoais – inclusive do próprio público –, e analisadas através do pensamento espírita da Codificação de Allan Kardec.
Numa experiência recente, de palestra pública em Centro Espírita, usei menos de três minutos para introduzir o tema (já houvera deixado escrito no quadro negro os princípios fundamentais da Doutrina Espírita), com comentários rápidos e objetivos sobre cada um deles e o objetivo da experiência que iria ser colocada em prática naquela oportunidade.
A partir daí, solicitei a presença de um voluntário à frente. E perguntei-lhe qual daqueles princípios mais lhe chamava a atenção, solicitando que explicasse o motivo da preferência. Depois, para um segundo voluntário, indaguei qual dos princípios, para ele, apresentava dificuldades de entendimento e as razões da dificuldade. Ao terceiro voluntário perguntei que tipo de transformação o Espiritismo provocara em sua vida.
Já para o próximo voluntário, ampliando a abordagem e caminho para o campo das dificuldades emocionais, pedi – caso concordasse em responder – que relacionasse o que mais lhe chateava, o que mais lhe alegrava e qual tem sido o maior desafio existencial enfrentado.
Finalmente, para o último voluntário, solicitei que falasse sobre a mensagem objetiva da Doutrina Espírita perante ele mesmo. Para todos eles, todavia, os questionamentos sempre foram baseados nos princípios fundamentais colocados no quadro negro.
O resultado foi excelente. Os voluntários soltaram a voz e provocaram intensa participação do público presente. Estimulados pelos questionamentos seqüenciais em cada abordagem, propiciaram ampla análise dos princípios fundamentais. Ao lado de muito entusiasmo, a emoção também se fez presente e a palestra na verdade ficou por conta do público participante.
Claro que a técnica pode ser usada com qualquer tema, mas o sucesso está diretamente vinculado à improvisação que o momento pode ensejar, para bem conduzir a seqüência da experiência. E, claro, sempre sem esquecer a finalidade principal: transmitir o pensamento espírita às diversas circunstâncias existenciais, utilizando os próprios depoimentos e exemplos apresentados pelos voluntários. Pretendo explorar mais a técnica com diversos temas, especialmente trechos da Codificação, colhendo depoimentos, dúvidas e interpretações, para submetê-los à visão espírita. Todos saem ganhando: público, coordenador e voluntários, desde que o coordenador esteja preparado para administrar o tempo e conduzir o assunto com a habilidade que se espera.
Percebo que quanto mais houver participação do público, mais abrangente fica o entendimento, pois que há abertura para a reflexão. Abordo a experiência vivida, não para que o leitor interprete o final do parágrafo anterior como manifestação de vaidade (ao declarar-me preparado para a situação), mas a vivência contínua vai ampliando a percepção das experiências e isto possibilita alcançar relativo estágio de coordenação delas próprias. Objetivo, porém, foi mesmo transmitir a idéia para que outros companheiros também a utilizem, embora sabendo que muitos já utilizam estas e outras técnicas vitoriosas.
Quanto aos princípios fundamentais do Espiritismo propriamente ditos...bom, este é assunto para outras abordagens.


Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo próprio autor para publicação em nosso site


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