Ensinar, por Espíritos Diversos
Peticionários Iniquos
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Ambas as palavras usadas no título, formando uma expressão, são pouco usadas.
Não é de uso comum no cotidiano dos diálogos ou em exposições verbais e mesmo
escritas.
Peticionário é palavra de uso mais comum no médio jurídico e refere-se àquele
que formula ou faz uma petição ou um requerimento. Já iníquo é um adjetivo
contrário à equidade, ao que é justo, significando também mau, perverso,
malévolo. Vale ainda ampliar essas significações, trazendo também o conceito de
equidade, já citada: virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato
etc.) manifesta senso de justiça, parcial'>imparcialidade, respeito à igualdade de
direitos. Ou, em tese'>síntese, julgamento justo.
Portanto, a expressão que usamos como título traduz diretamente que: A
iniquidade é a falta de equidade, e a justiça revoltante. O iníquo é o homem
perverso, criminoso, seja ele juiz, doutor, nobre, rico, pobre, rei. (primeiro
parágrafo de texto original que motivou a presente abordagem e que identificamos
mais abaixo). Um parágrafo, todavia, quase no final do mesmo texto chamou minha
atenção. Diz o autor:
Antigamente havia juízes iníquos; hoje, pode-se dizer que nem só os juízes, mas
até os peticionários são iníquos!
Impressionante como ainda nos falta um exato senso de justiça. Natural, todavia,
considerando nosso estágio de aprendizado individual e coletivo. Muitas demandas
e disputas judiciais poderiam ser evitadas não fosse a prevalência do interesse
pessoal – em muitas circunstâncias movidas pelo egoísmo e pelas paixões, sem a
consciência do coletivo. Isso não significa, em absoluto, que não haja demandas
justas e, muitas vezes, necessárias.
Muitas petições apresentam caráter de vinganças, de perseguições, de interesses
outros que nem temos condições de dimensionar, tal a perversidade ainda reinante
em muitas consciências. Critica-se decisões judiciais – onde podem ocorrer
equívocos e graves erros de interpretações ou mesmo interesses, mas a figura do
peticionário corroído pela maldade nem sempre é lembrada.
É tema, pois, de grande atualidade, considerando a grande demanda judicial que
se acumula nos fóruns e cartórios, apesar da facilidade virtual que hoje
utilizamos largamente.
O fato, porém, é que esses raciocínios são oriundos da Parábola do Juiz Iníquo,
anotada por Lucas (XVIII, 1-8.), que Cairbar Schutel incluiu em seu importante
livro Parábolas e Ensinos de Jesus.
A parábola refere-se a um juiz que não fazia justiça, que não respeitava
ninguém, e para livrar-se de uma viúva que o buscava com insistência para
resolver uma pendência, resolveu atende-la. Mas apenas para livrar-se dela, como
já destacado.
E Cairbar com sua perspicácia de raciocínio, estudando a parábola, destaca:
“(...) De modo que a demora do despacho na petição da viúva foi causada pela
iniquidade do juiz. Se este fosse equitativo, justo, reto, de bom caráter,
cumpridor de seus deveres, a viúva teria recebido deferimento de seu pedido com
muito maior antecedência.
Seja como for, o despacho foi dado, embora a custo, após reiteradas
solicitações, importunações cotidianas, e o juiz, apesar de iníquo, para não ser
"amolado", resolveu a questão. (...)”
E continua:
“(...) Se a justiça, embora demorada, se faz na Terra até contra a vontade dos
juízes, como não há de ser ela feita pelo supremo e justo juiz do Céu?
A deficiência não é, pois, de Deus, mas sim dos homens, mormente na época que
atravessamos, em que o Filho do Homem bate a todas as portas, inquire todos os
corações e os encontra vazios de fé, vazios de crença, vazios de amor a Deus,
vazios de caridade! (...)”
E quase concluindo o curto capítulo:
“(...)A iniqüidade lavra como um incêndio devorador, aniquilando as consciências
e maculando os corações: homens iníquos, lares iníquos, sociedade iníquas,
governos iníquos, leigos iníquos, sábios iníquos;(...)”
O que faz surgir, claro, os peticionários iníquos, igualmente.
Somente com a sabedoria do Cristo, destrói-se a iniquidade, fazendo desaparecer
os iníquos.
A Doutrina de Jesus é toda de amor. Completa na orientação humana, é capaz de
extinguir as petições indevidas, movidas por vinganças ou paixões, melhorando o
ambiente dos relacionamentos humanos, para extinguir a chaga de iniquidade.
Sugiro ao leitor ler e meditar sobre a esquecida parábola.
Ela também tem muito a nos ensinar.
Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo autor para publicação em nosso site
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