Ensinar, por Espíritos Diversos
Provação
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Complementando-nos as tarefas, na noite de 2 de dezembro de 1954 fomos
surpreendidos com a presença do Irmão Mozart, desencarnado há tempos, e que,
através do médium, nos relatou sua triste história. Foi pessoalmente conhecido
de alguns dos nossos companheiros de agremiação e seu comunicado faz-nos lembrar
as palavras do Divino Mestre: — “Muito se pedirá de quem muito recebeu.”
Meus irmãos.
Sou um mendigo de consolação, batendo-vos à porta. Lembro-me da seara espírita
com a tortura do exilado, chorando o paraíso perdido, e recordo a mediunidade
com a aflição do lavrador, carregado de remorsos por haver sentenciado a enxada
que lhe era própria ao desvalimento e à ferrugem.
Noutro tempo, partilhei o pão que vos nutre a mesa, no entanto, envenenei-o com
a lama da vaidade e sofro as conseqüências.
Benfeitores espirituais auxiliaram-me na obtenção das preciosas oportunidades
que desfrutei em minha última existência na Terra, contudo, apesar de desligado
agora do veículo físico, ainda não consegui amealhar suficiente luz para reaver
o caminho de retorno a eles.
Tenho os horizontes mentais sob o fumo do incêndio que ateei no meu próprio
destino.
Amparado por recursos da Vida Superior, sob a flama de ardente entusiasmo,
comecei a missão da cura...
Utilizando a prece, via fluir por meus dedos a energia radiante e restauradora,
extasiando-me ante as feridas que se fechavam, ante as dores que desapareciam e
ante os membros semimortos que readquiriam movimento.
Com o trabalho veio o êxito e com o êxito chegaram as considerações públicas e
os caprichos individuais satisfeitos que me fizeram estremecer...
Não consegui suportar a coroa de responsabilidade que me ornava a cabeça,
resvalando na perturbação e na inconsciência.
Asseverando-me espiritualista, recolhi do Espiritismo e do Esoterismo
conhecimentos e princípios que me favoreceram a extensão da influência pessoal.
Cego para as lições claras da vida e surdo aos apelos de ordem moral, intentei
dominar as mentes alheias e explorá-las a meu bel-prazer.
Manejando a força magnética, encastelei-me no poder oculto...
Tarde, porém, reconheci que o poder oculto, sem o poder do reto pensamento, é
tão perigoso para a alma quanto o dinheiro mal conduzido ou a ciência mal
aplicada, que esbarram, invariavelmente, na extravagância ou no arrependimento,
na loucura ou na morte.
Em minha insensatez, acreditando-me dono da luz, pretendi substituir os
Instrutores Espirituais que se expressavam por intermédio de minhas mãos,
entretanto, ai de mim!... A candeia sem combustível confunde-se com as trevas...
E eu que desejava escravizar, acabei escravizado, que sonhava honrarias,
adquiria a vergonha, que me propunha deter a fortuna, terminei possuído pela
indigência, que admitia vencer, vi-me derrotado, em pavorosa humilhação...
E, atravessando a grande fronteira, sou ainda um enfermo em dolorosa
experiência.
É por isso que, em me reconfortando ao contacto de vossa casa simples e de
vossas orações sinceras, deixo-vos, com o meu reconhecimento, os meus pobres
apelos:
— Espiritualistas, Espiritistas e Esoteristas, orai e vigiai! Não vos
interesseis simplesmente por vosso bem-estar, olvidando o bem-estar dos
outros!...
Não fujais ao trabalho.
Não vos furteis ao estudo.
Não olvideis a simplicidade!
Não eviteis a luz!...
E, sobretudo, para que aflitivas surpresas não vos povoem a estrada futura,
tende por norma, além dos apontamentos, avisos e diretrizes dos orientadores que
se responsabilizam por nossos campos de atividade, o roteiro do Mestre dos
mestres, que nos ensinou para a conquista real da felicidade o extremo
sacrifício a favor do próximo e que nos legou a cruz da renunciação, como
sublime talismã, capaz de garantir-nos a vitória na vida eterna!...
Por: Mozart, Do livro: Instruções Psicofônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier
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