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Todas as criaturas humanas, ignorantes ou intelectualizadas, boas ou más, desde que lhes surge o discernimento, procuram noções a respeito do porque da vida, o que são, quais seus objetivos, de onde vem e para onde vão.
São indagações naturais que se conjugam ao ambiente em que se encontram, aos fenômenos observados na Natureza, onde a vida se manifesta sob múltiplas formas, nos diferentes reinos.
As respostas mais variadas aos questionamentos acima são proporcionadas pelas religiões, filosofias e ciências de todos os tempos.
Tanto o homem primitivo quanto o moderno tiveram essas preocupações e buscaram equacioná-las.
A noção de um Ser Superior, criador da Vida e de todas as coisas é inata no homem, que desde cedo percebeu a existência de algo imperceptível aos seus sentidos físicos, mas que se afirma através dos sentidos extrafísicos.
A marcha evolutiva do gênero humano guarda correlação com suas concepções do mundo e da vida.
À inquietude do homem e ao seu esforço na busca de novos conhecimentos junta-se o socorro do Alto, através das Revelações.
Cada povo, cada civilização faz jus à ajuda correspondente ao seu estágio evolutivo.
No Ocidente tomaram-se nítidas as três Revelações, a partir de Moisés.
Não se deve esquecer, entre­tanto, que as civilizações e povos orientais tiveram também seus guias, fundadores de religiões e enviados do Mundo Espiritual, a serviço do Governador deste Orbe — o Cristo de Deus.
Por isso Emmanuel torna claro que: “A gênese de todas as religiões da Humanidade tem suas origens no seu coração augusto e misericordioso”. (“A Caminho da Luz”, pág. 83 da 22ª edição.)
Dessa forma, paulatinamente, vão sendo conhecidas as leis divinas que regem a Vida na Terra e em todo o Universo.
Pouco a pouco parcelas da Humanidade vão tomando conhecimento do Ser Supremo, de seu Amor pela criação e de sua justiça indefectível.
Essa marcha evolutiva é muito lenta e apresenta-se em diversas fases, na Terra.
Encontramos no Mundo povos e raças orientados por inúmeras crenças e religiões, ao lado da descrença e do materialismo que também medram por toda parte.
Infelizmente a maior parcela da Humanidade ainda permanece ignorante das realidades e das leis eternas.
As grandes religiões do Mundo, ao lado de ensinos morais que favorecem a prática do Bem, estão envolvidas por tradições, práticas, ritualismos e cultos exteriores que nada auxiliam a ascensão das almas.
Em conseqüência, a face superior e útil das religiões, que está de conformidade com as leis divinas, fica prejudicada pelas práticas e ensinos que lhe são contrários, afetando o progresso espiritual das criaturas.
É o que acontece com o Cristianismo, que deu origem à Igreja Romana, desdobrada posteriormente nas Igrejas Reformadas.
Toda a parte moral da Mensagem do Cristo permanece íntegra nos ensinos das Igrejas Cristãs, mas suas doutrinas e interpretações se caracterizam por tantas adições ao núcleo original do Cristianismo e por tantas interpretações e dogmas criados arbitrariamente que, praticamente, ficou descaracterizada a doutrina do Cristo.
Quem lê com isenção o antigo Catecismo da Igreja Católica, recentemente reeditado, com alterações e adições, verifica o divórcio entre os ensinos do Cristo e os da Igreja.
Desde meados do século IV até meados do século XIX reinou absoluta, no Ocidente, a concepção da vida e do mundo ministrada pelas igrejas denominadas cristãs.
Parece estranho que o dogmatismo, em contraposição às realidades imanentes e às verdades reconhecidas há milênios — como é o caso da reencarnação — possam ter sido administradas às massas por tantos séculos, sem reação ao império da imposição autocrática.
No entanto, durante esse longo tempo estava presente a Mensagem de Jesus à Humanidade, produzindo efeitos benéficos, à espera, entretanto, de oportunidade para reorientar os homens e libertá-los das mazelas morais.
Nos planos da Providência Divina estava prevista a vinda do Consolador, prometido pelo Cristo.
O Consolador no mundo representa a libertação do homem da ignorância acerca das coisas que dizem respeito à sua vida; a libertação dos dogmas criados por ele mesmo, em desacordo com a realidade; a confirmação da Doutrina Cristã autêntica, encerrada nos Evangelhos; a perspectiva de evolução mais rápida e segura para a Humanidade, desde que os homens se proponham a assimilar, praticar e divulgar intensivamente seus ensinos.
Com sua presença a cega será substituída por uma segura e raciocinada; favorecerá a Ciência, que ora se ocupa somente com a matéria e suas leis, indicando-lhe o outro elemento do Universo — o espírito — e libertando-a da influência nefasta do materialismo.
O que ele propõe, no campo social, é a educação integral para todos; a organização social com equilíbrio, sem os egoísmos de classes, sem os extremismos das doutrinas materialistas, que consideram o “homem econômico”, mas não o “homem integral”.
O conhecimento e a utilização das leis naturais trarão, fatalmente, a transformação da legislação humana, a modificação de hábitos, usos e costumes atuais que se caracterizam pelo egoísmo individual e grupal.
As conseqüências da atuação do Consolador na organização social serão logo sentidas, com o desaparecimento da miséria, da ignorância, da corrupção, da insensibilidade e da indiferença das classes mais favorecidas diante dos mais carentes.
Essa será a influência benéfica do Consolador, através da educação e reeducação dos Espíritos, prevista para uma fase que coincidirá com o início da Era da Regeneração, que se caracterizará por uma nova concepção da existência humana.
A Doutrina de Jesus, o vero Cristianismo revivido no Consolador, tem como características essenciais a liberdade e a solidariedade entre as criaturas. Requer de cada seguidor a aceitação de seus princípios e a consciência de sua conformação com as leis naturais, ou divinas.
Por isso, sua vivência tem que se basear na reeducação individual, na adesão espontânea a princípios superiores, sem recurso às imposições.
O grande erro que ocorreu no passado decorreu da forçada e instituída, e da conquista dos poderes de decisão do mundo.
Com o poder temporal nas mãos, os chefes religiosos, a partir do século IV, preferiram impor a , ultrajando a razão e a liberdade individual.
O caminho que parecia mais fácil foi a perdição da Igreja, que, com o poder nas mãos, sempre procurou obrigar a aceitação de sua doutrina, divorciada cada vez mais das fontes primitivas.
O que há de mais nobre e sublime no homem é o direito de pensar, de raciocinar, de aceitar ou rejeitar o que lhe pareça certo ou errado.
O Espiritismo não pode incorrer no grande equívoco da Igreja Romana.
O caminho a seguir é mais difícil do que o preferido no passado.
Educar, mostrar, raciocinar, indicar, sem dúvida é método mais trabalhoso e mais lento do que impor, decidir, determinar. Mas é também muito mais seguro.
A verdade, apresentada com simplicidade e clareza, com fulcro na lógica e nos fatos, é aceita e compreendida pelos Espíritos humildes utilizando-se da própria razão, que pode recorrer a si mesma para as retificações necessárias.
Por isso o Codificador sentenciou, com lucidez:
“Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”


Por: Juvanir Borges De Souza, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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